sexta-feira, 17 de junho de 2011

OS SANTOS E SUAS IMAGENS

Este é o texto de uma palestra dada em 18.VII.2000 na Comunidade São Francisco, em São João de Meriti, RJ
Muita gente, iludida por falsos pastores, faz uma enorme confusão acerca do que realmente é um Santo. Houve até um caso, que chega a ser engraçado, de um protestante que me escreveu dizendo que "uma nova imagem estava sendo adorada", referindo-se à canonização de um Santo.

Podemos, porém, dizer que, de uma certa forma, os Santos são imagens. Não, eles não são imagens esculpidas, eles não são pinturas, medalhas nem bonequinhos. Eles são imagens de Deus. Como assim?

Quando Moisés encontrou-se com Deus, ele perguntou-Lhe: "Qual o Seu Nome?". "Deus disse a Moisés: 'Eu Sou O Que Sou." (Ex 3,13-14). Deus é; acima de tudo, Deus é. O que quer dizer isso? Isso quer dizer que tudo o que nós somos - eu sou o Carlos, isto é uma mesa, uma cadeira, um microfone... - só é por causa de Deus.

Se não fosse Deus, eu não seria. Não é como dizer que eu morreria; não, eu nunca teria existido. Assim, a minha própria existência, o fato de eu ser eu, o fato de eu simplesmente ser, de eu existir, depende da existência de Deus. Se Deus parasse de prestar atenção por um segundo que fosse, se Deus não nos mantivesse existindo, nada seria. Tudo desapareceria, tudo jamais teria existido.

Meu filho de três anos de idade estava outro dia comigo na rua em que eu e minha esposa morávamos antes de nos casarmos. Mostrei a ele: eu morava aqui, e ela morava ali. Ele então perguntou: "e eu, morava onde?". Disse-lhe que ele não morava em lugar nenhum; ele ainda não existia. Ele então, sem entender, perguntou-me se ele havia morrido. Disse-lhe eu então que ele não havia morrido; ele simplesmente ainda não existia, como não existia uma semana antes a flor que nascera na véspera no vaso que sua mãe plantou. Ele era apenas uma idéia, uma intenção de criar na mente divina. Quando eu e sua mãe nos casamos, fizemos a nossa parte: o corpo dele. Deus deu-lhe então uma alma fresquinha, recém-criada. Antes disso, ele não existia.

Do mesmo modo, se não fosse por Deus, que é o Único que existe por Si só, nenhum de nós existiria. Nossa existência é dependente da existência de Deus, como um reflexo em um espelho é dependente da coisa que é refletida.

Deus, além de ser AQUELE QUE É, além de ser o Único que tem existência por Si só, é também o Bem em Si. Todo Bem que existe é um reflexo do Bem em Si, que é Deus. O mal não existe. O mal não tem existência, o mal não é. Assim com não existe o frio, que é a ausência de calor, assim como não existe a escuridão, que é a ausência de luz, não existe o mal, que nada mais é que a ausência do Bem, que é Deus.

Todos nós temos um casal de antepassados comuns: Adão e Eva. Eles cometeram um pecado gravíssimo, que chamamos de Pecado Original. O que é o Pecado Original? Uma dica, desde já: não tem nada a ver com sexo, não tem nada a ver com maçãs...

O Pecado Original foi um pecado de desobediência. Deus proibiu a Adão e a Eva que comessem da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, ou seja, proibiu que eles quisessem determinar por conta própria o que é Bom e o que é Mau. Devido a este pecado, a morte entrou no mundo. A ausência de bem enraizou-se em nós, criou fortes raízes no corpo de todos os descendentes de Adão - nós - atingindo-lhes também a alma. É por causa do Pecado Original que nós ficamos doentes, é por causa do Pecado Original que nós morremos, é por causa do Pecado Original que - o que é mais importante, pois afeta o nosso destino eterno - nós pecamos.

Por causa deste Pecado Original, a nossa vontade passou a não obedecer mais à nossa Razão. A cabeça não manda na vontade. Antes do Pecado Original, a vontade estava submissa à Razão; agora, ela desobedece. É por isso que temos tentações, é por isso que por vezes é dificílimo fazer a coisa certa. Se vem uma moça linda querendo fazer pouca-vergonha comigo, a minha razão diz que não devo nem posso aceitar, mas a minha vontade não lhe obedece. Eu preciso fazer um esforço consciente e grande para conseguir submeter a vontade à Razão, e não cair em tentação.

Aí entra a Graça de Deus. Deus nos dá Sua graça para que possamos resistir às tentações. A Graça é, fazendo uma comparação que deixa bastante a desejar, como a gasolina que impulsiona o motor, como a eletricidade que o faz girar e dar partida. Se não fosse a graça de Deus, eu nunca conseguiria, você nunca conseguiria, nenhum de nós jamais conseguiria resistir a tentação alguma. É só pela graça de Deus que podemos resistir às tentações; é só pela Graça de Deus que podemos fazer a coisa certa e não a coisa errada, que podemos fazer com que a razão vença a vontade.

É porém necessário que nós aceitemos esta Graça que Deus nos dá gratuitamente ("de graça"...). A Graça está sempre à disposição; Deus não manda a tentação sem nos mandar também a graça. Muitíssimas pessoas, porém - na verdade a maior parte das pessoas - não aceitam estas graças que Deus dá de agir corretamente, de fazer o ato correto - estas são as chamadas "graças atuais", graças de agir corretamente -, e caem na tentação. Caindo na tentação, elas pecam, elas desobedecem a Deus. E então fica mais e mais fácil pecar. É muito mais fácil para um ladrão, que rouba todos os dias, matar alguém que para uma freirinha contemplativa, que passa os dias em oração sem jamais cometer pecado grave. O pecado nos torna surdos para a graça de Deus, o pecado faz com que a gente não se aperceba da graça de Deus que está à nossa disposição. É por isso que devemos nos confessar freqüentemente, é por isso que devemos sempre procurar usar o "cotonete espiritual" da oração, da penitência e da caridade para limpar nossos "ouvidos da alma" para ouvir e perceber a graça que Deus nos dá.

Pelo Batismo, nós nos tornamos filhos adotivos de Deus e recebemos d'Ele a chamada Graça Santificante, a graça que não apenas nos ajuda a fazer a coisa certa - como a graça atual - mas nos santifica realmente, nos torna pessoas melhores. Pelo pecado mortal - ou seja, pelo pecado que é cometido deliberadamente, que é cometido conscientemente, em matéria grave - que cometemos após o Batismo, nós perdemos esta Graça Santificante. Pelo Sacramento da Reconciliação - a Confissão - nós recebemos de volta esta graça. Pela recepção do Santíssimo Sacramento - a Comunhão - nós aumentamos esta Graça.

Se no momento de nossa morte nós tivermos a Graça Santificante, se nós tivermos quando batermos as botas esta Vida - que é a Graça - que Deus nos dá, nós estaremos salvos. Se, pelo contrário, morrermos em nossos pecados, morrermos sem que tenhamos recebido de volta esta Graça Santificante, e vamos cair sentados no tridente do Capeta e lá permanecer por toda a eternidade. Trata-se de uma escolha que Deus permite que façamos: aceitar Sua Graça e ir para o Céu, ou trocá-la pelo prazer do proibido, trocá-la pelo pecado, pelo sexo, pelo dinheiro, e irmos para o Inferno.

O que são, portanto, os Santos? Os Santos são aqueles que aceitaram esta Graça, e foram para o Céu. Esta graça santificante os fez cada vez mais conformes a Deus, fez com que moldassem suas vontades, com o auxílio da Graça de Deus, cada vez mais à vontade de Deus. É por isso que eu pude dizer que os Santos são como imagens de Deus. Não são, evidentemente, nem poderiam jamais ser, imagens completas de Deus. Eles são como reflexos de um aspecto do Bem Supremo que é Deus. São Francisco, com o amor de Deus pela pobreza; São Jerônimo, com o amor de Deus pela Verdade; São Tomás de Aquino, com o amor de Deus pelo estudo; Santa Filomena, com o amor de Deus pela castidade...

Cada um deles reflete um aspecto do Bem infinito que é Deus. É este o significado da figura da rosácea que vemos em muitas igrejas antigas: o centro, de onde saem raios para todos os lados, é Deus; os raios são Sua Graça; os extremos, onde os raios tocam, são Seus Santos. Temos um Santo Rei e guerreiro como São Luís em uma ponta da rosácea, e na ponta oposta temos uma alma pequenina e bela como aquela que os americanos chamam de "little flower", "florzinha": Santa Terezinha do Menino Jesus. Ambos refletem, de uma certa maneira, o Bem Supremo que é Deus. Ambos são, cada qual a seu modo, uma imagem de Deus.

Eles nos mostram - a nós que ainda estamos aqui na Terra brigando para fazer com que nossas vontades erradas, nossa tendência para o pecado, sejam vencidas pela Graça - qual é o caminho. Eles nos mostram que é possível para nós também sermos, como nos pede o Senhor, "Santos como o Pai é Santo".

Além disso, além deles serem para nós exemplos a seguir - pois eles, tal como nós, são seres humanos que sofreram tentações; eles, tal como nós, dependeram e dependem ainda de Deus e da Graça de Deus para existir; eles, tal como nós esperamos conseguir, pela graça de Deus conseguiram vencer as tentações e chegar ao Céu... Além disso tudo, eles são também algo muitíssimo importante: eles são nossa família.

Se algum de vocês entrar em uma enrascada formidável, em uma roubada mãe, daquelas de contar chorando trinta anos depois, a quem vai recorrer? Aos amigos? Talvez. À família? Certamente. É com nossa família, nossa mãe, nossos irmãos, que devemos sempre contar. Somos todos irmãos em Cristo. Nós, os Santos, as Almas no Purgatório, somos todos nós irmãos em Cristo. Como irmãos, temos todos também a mesmíssima Mãe: Aquela que na Cruz o Senhor nos deu por Mãe: Sua Mãe Puríssima, a Santíssima Virgem Maria, de quem diz a Escritura "Todas as gerações chamarão de Bendita".

Imaginem a cena: Nosso Senhor Jesus Cristo, pendurado na Cruz, com pregos dolorosos passando através de Suas Mãos e Seus Pés, com feridas crudelíssimas causadas pelas chicotadas e pontapés que recebeu, com uma coroa de espinhos a furar-Lhe o couro cabeludo, com chagas horríveis causadas pelo atrito da pesada Cruz que carregou pelas ruas estreitas de Jerusalém, subindo, sempre subindo, até o Monte Calvário... Ele, então, reúne Seu fôlego que já Lhe faltava e, dirigindo-Se à Sua Mãe, disse-lhe: "Eis aí o teu filho"; depois, dirigindo-Se ao discípulo que Ele amava - São João -, disse-lhe: "Eis aí a tua Mãe'. E, desta hora por diante, a levou o discípulo para sua casa". (Jo 19,26-27)

Será que por um segundo que fosse daria para acreditar que Ele usou este momento para resolver questões de economia doméstica: "olha, João, toma conta da velhinha, tá?"? Será que alguém com a cabeça firmemente presa nos ombros teria a idéia de jerico de acreditar, por um milionésimo de segundo que fosse, que estas duas frases: "Eis aí o teu filho"; "Eis aí a tua Mãe" não fossem importantíssimas, cruciais para todos nós? Seria alguém imbecil a ponto de acreditar que Nosso Senhor, pendurado agonizante na Cruz, diria palavras que não fossem importantes para toda a humanidade, para todos os que viriam a seguir e O seguiriam? Não creio. Seria estupidez demais.

Ela, portanto, a Virgem Santíssima, é nossa Mãe. Os outros Santos são nossos irmãos. Eles, todos juntos, são nossa família. E, como família nossa que são, eles nos amam e nos ajudam. Assim como José acolheu (Gn 45) seus irmãos que queriam matá-lo e acabaram por vendê-lo como escravo (Gn 37), nossa família, os Santos, nos acolhe sempre e nos procura conduzir de volta para a Casa do Pai.

Esta belíssima Verdade tem um nome, e todo domingo afirmamos a nossa crença nela: ela se chama a Comunhão dos Santos. Esta Comunhão dos Santos é algo em que ingressamos pelo Batismo, é a união em Deus de todos os que estão em Sua graça. Voltando à rosácea: do Centro, que é Deus, saem raios, que são a Graça de Deus, para as extremidades, os Santos. Notem que de um Santo para outro, o que une é Deus. É de Deus que vem a Graça que os une, e é em Deus que eles estão unidos. Assim, eu sou irmão de cada um de vocês, sou irmão de todos os Santos no Céu e de todas as Almas no Purgatório, mas não sou irmão diretamente. Sou irmão em Deus, sou irmão em Cristo. É por Nosso Senhor Jesus Cristo que temos este laço de irmandade a nos unir.

Quando eu morrer - queira Deus que em Sua Graça! - não sairei da Comunhão dos Santos. Pelo contrário; sem ter mais que me preocupar com tentações, com vontades desordenadas, com, em suma, esta luta que aqui combatemos contra o mal, que é a ausência de Bem, eu estarei completamente tranqüilo em Deus. Isto não significa, porém, nem pode significar, que eu estarei separado do resto de minha família em Cristo. O que une esta família é Deus. Estando face-a-face com Deus, estamos ainda mais próximos de toda a nossa família divina, estamos ainda mais próximos de todos aqueles com quem em Deus estamos unidos.

Na Sagrada Escritura, vemos como os Santos no Céu se ocupam: eles rezam. É bastante evidente, afinal. Eles estão diante de Deus, não têm mais nenhum problema material... O que haveria de melhor a fazer que não rezar, estando nestas condições tão ideais para isso?! Vemos no livro do Apocalipse 6,10 uma multidão de Santos mártires clamando a Deus para que faça justiça na Terra. Vemos em Apocalipse 8,3-4 que as orações dos Santos sobem a Deus como fumaça de incenso. Vemos em Apocalipse 7,15 que os Santos servem a Deus noite e dia no Seu templo, diante do Trono do Cordeiro...

São Paulo também, em sua Epístola aos Hebreus, nos mostra a preocupação com que estes Santos acompanham a nossa vida aqui na Terra. Em todo o capítulo 11, ele faz uma lista de Santos do Antigo Testamento (afinal de contas, estes eram os Santos conhecidos pelos Hebreus a quem ele estava escrevendo; não adiantaria nada escrever acerca de, por exemplo, São Dimas, o Bom Ladrão, que morrera ao lado de Nosso Senhor e a quem Nosso Senhor prometeu que estaria no Céu naquele mesmo dia, ou de Santo Estêvão, apedrejado pelos judeus enquanto São Paulo, que ainda não se havia convertido, segurava as roupas dos apedrejadores... os hebreus não sabiam deles, não sabiam que eles estavam no Céu!). Em todo o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus, portanto, nós vemos São Paulo enunciar Santo após Santo do Antigo Testamento.

Logo em seguida, no primeiro versículo do capítulo 12 (não podemos esquecer que a divisão da Bíblia em capítulos é muitíssimo recente; São Paulo escreveu direto, sem separar capítulo 11 de capítulo 12), em Hb 12,1, São Paulo diz, acerca de todos aqueles que ele citara no atual capítulo 11, que estamos "rodeados por uma nuvem de testemunhas". Isto quer dizer que os nossos irmãos, os Santos, estão nos rodeando "como uma nuvem", ou seja, por todos os lados, vendo tudo o que estamos fazendo e... pedindo a Deus por nós, com suas orações "subindo como incenso" para Ele, diante de Cujo trono eles estão, servindo-o sem cessar.

É isso que a família faz. É isso que um bom irmão faz, é isso que uma boa Mãe faz: procura ajudar, na medida do possível, seus irmãos, seus filhos. Ajudar "na medida do possível". E "a medida do possível" para eles é enorme, pois como escreveu São Paulo, "Palavra fiel: Se morrermos com Ele (com nosso Senhor Jesus Cristo), com Ele viveremos; se sofrermos, reinaremos também com Ele" (2Tim 2,11-12). Os Santos, que morreram com Ele, que sofreram com Ele, estão agora justamente reinando com Ele!

Algumas pessoas um pouco confusas vão então dizer que isso é contrário à Bíblia, pois há um só Mediador que é Nosso Senhor Jesus Cristo, sem perceber porém que estão falando abobrinhas. Por que digo isso? Porque se nós tivermos a paciência de ler o trecho inteiro onde está esta afirmação da mediação única de Nosso Senhor, ou seja, 1 Tim 2,1-7, vemos que a mediação única de Nosso Senhor não tem absolutamente nada a ver com as orações dos Santos (exceto, claro, o fato deles serem Santos e estarem junto de Deus por causa precisamente desta mediação; eles são Santos pela Graça de Deus, pela Mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo)!

São Paulo começa o capítulo com as seguintes palavras: "Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que estão constituídos em dignidade, para que levemos uma vida sossegada e tranqüila, em toda a piedade e honestidade. Porque isto é agradável diante de Deus nosso Salvador, o Qual quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade." Ou seja, São Paulo manda rezar pelos irmãos, interceder por outros.

E é isto que fazem os Santos no Céu. Os Santos no Céu não têm poder próprio algum. Eles não têm como fazer um milagre por conta própria, apenas pedi-lo a Deus - ao lado de Quem estão - em oração. Esta é uma mediação de oração, que, diz São Paulo, "é agradável diante de Deus nosso Salvador, o Qual quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade".

E que Verdade é esta? Continua então São Paulo: "Porque há um só Deus, e há um só Mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem, o Qual Se deu a Si mesmo para redenção de todos". Fica claro, então, que a mediação única de Nosso Senhor não significa que não é possível orar pelos irmãos; a mediação única d'Ele significa que foi o Sacrifício d'Ele, o Sacrifício de Cristo na Cruz, que torna possível a nossa redenção. Não adiantaria nada matar na Cruz outra pessoa; seria apenas um homem.

Nosso Senhor, porém, é Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, e Seu Sacrifício é único e suficiente para a Salvação. Esta é a mediação única d'Ele: a Mediação do Sacrifício Redentor. A mediação de oração, ou seja, pedir a Deus pelos irmãos em Cristo, como o fazem os Santos, não é uma afronta à mediação única de Cristo, pelo contrário, é, como nos diz São Paulo, recomendada e "agradável diante de Deus".

Afinal, os Santos estão no Céu pelos méritos nfintos de Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz; eles foram salvos, omo esperamos nós também sê-lo, pela mediação única de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pedir a oração de um Santo é reconhecer a obra de salvação feita por Deus pela mediação única de Cristo, é reconhecer que sem Nosso Senhor Jesus Cristo, sem Seu sacrifício, não haveria Santos, não haveria salvação possível. É mais que evidente que os Santos não são "concorrentes" de Deus. Pelo contrário! Eles são aqueles que estão, como vimos em Apocalipse 7,15, dia e noite a servi-l'O diante de Seu trono. Eles são membros de nossa família em Cristo, que pela graça de Cristo estão junto a Cristo e a Cristo pedem por seus irmãos em Cristo.

A questão, então , para os hereges que negam a mediação de oração dos Santos, é outra: será que a morte vence o Cristão? Será que a morte separa o cristão daqueles que são seus irmãos em Cristo e precisam de suas orações? A resposta é clara: Não, a morte não vence o Cristão. São Paulo escreve (2 Tim 1,10) que Nosso Salvador Jesus Cristo destruiu a morte, e pôs a claro a Vida e a imortalidade". A morte não vence o Cristão, pelo contrário. A morte para o cristão é lucro, já escreveu São Paulo. "Para mim o viver é (para) Cristo, e o morrer é um lucro. (...) tenho desejo de ser desatado (da carne) e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fil 1,21-23). Sem dúvida, a condição daqueles que reinam com Cristo, estão com Cristo, que venceu a morte, e pedem a Deus por nós é mesmo "incomparavelmente melhor"...

No Antigo Testamento, Deus deu aos judeus seus Dez Mandamentos. O primeiro deles dizia: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto" (Ex 20,2-5). Este é o Primeiro Mandamento, que pode ser resumido em "Amar a Deus sobre todas as coisas".

Qual o objetivo deste mandamento? Impedir que os judeus achassem que existem vários deuses. O Deus único, naquele tempo, não tinha ainda corpo. Nosso Senhor ainda não Se havia encarnado no seio da Virgem Maria. Era, portanto, impossível representá-l'O, sob qualquer forma que fosse. Ele não tinha forma.

Os pagãos adoravam milhares de deuses diferentes: homens com cabeça de gato, leões com asas de águia e outros seres delirantes. Estes ídolos, estes demônios, eram por eles representados em estátuas.

Deus, porém, não tinha um corpo que pudesse ser representado. Ele estava educando o Povo Eleito para que eles não colocassem o culto a Deus em pé de igualdade com cultos a ídolos. Ele estava mostrando que Deus é único, Criador dos Céus e da Terra, não uma "entidade" a competir com os exus e orixás das idolatrias da época.

O problema, portanto, não era a confecção de imagens, mas a adoração de falsos deuses, o colocar falsos deuses como se fossem deuses de verdade. O próprio Senhor Deus mandou que fossem feitas várias imagens: Em Ex 25,18-20, Deus manda fazer imagens de querubins para enfeitar a Arca da Aliança; em Nm 21,8-9, Ele manda Moisés fazer uma imagem de serpente de bronze, que curava os que haviam sido picados por cobras.

Quando, porém, os israelitas começaram a confundir as coisas e achar que a serpente de bronze era um deusinho a ser adorado, o rei Ezequias mandou derrubá-la para acabar com aquela pouca-vergonha (2 Rs 18,4). Do mesmo modo, Deus também mandou fazer imagens variadíssimas para enfeitar o Templo, como vemos em 1Rs 6,23-35 e 1Rs 7,15-29: querubins, touros, palmeiras, juníperos, flores de lis... Deus até mesmo colocou no caminho de Salmão um artesão de imagens "cheio de sabedoria, de inteligência e de ciência para fazer todo o gênero de obras de bronze" (1 Rs 7,14)!

Entramos então na questão: já que o que a Lei dada aos judeus por Deus os proibia de fazer imagens de falsos deuses para adoração, mas Deus não proibia - muito pelo contrário, mandou várias vezes que fossem feitas - imagens de criaturas de Deus para melhor servi-l'O, haveria por acaso algum problema em fazer imagens das obras-primas de Deus, que são a Santíssima Virgem Maria e os outros Santos?

Claro que não. Isto ocorre por vários motivos:

1- Não passa pela cabeça de católico algum que um Santo seja um "deusinho" para competir com Deus verdadeiro; pelo contrário, sabemos todos que os Santos são Santos pela Graça de Deus. Ao fazermos uma magem de um Santo, sabemos que não estamos fazendo um "deusinho", mas homenageando, como se homenageia com uma estátua em via pública, um irmão nosso que, nas palavras de São Paulo, "chegou ao fim da corrida". Uma imagem não é santa por ser uma imagem; ela deve ser abençoada, isto é, dedicada por um sacerdote ao serviço de Deus. Por ter sido abençoada, por ter se tornado um Sacramental, um objeto separado pela Igreja para o culto a Deus, devemos ter com ela o cuidado devido a algo que é propriedade exclusiva de Deus, além de representar alguém que é uma obra-prima de Deus: um Santo.

2 - Devemos ter carinho pelos Santos, que são nossa família, nossos irmãos em Cristo. Quem tem carinho por alguém gosta de ter imagens (fotos, desenhos...) deste alguém consigo. Além do carinho natural, devemos ter também a veneração que é devida a um familiar mais importante, a veneraçào que é devida a alguém que conseguiu - como somos todos chamados a conseguir - tornar-se uma imagem parcial de Deus. Não se veneram os defeitos dos Santos; venera-se no Santo aquilo que ele tem que vem de Deus, venera-se aquilo que é efeito da Graça de Deus.

3 - A imagem, esculpida, fotografada ou pintada, é uma representação do Santo, é uma representação de uma magnífica e belíssima obra de Deus. Quando nos ajoelhamos diante de uma imagem, não estamos achando que o gesso está vivo, ou sequer que o Santo que aquela imagem representa tenha algum poder próprio: estamos prestando homenagem a Deus em uma de suas obras-primas, representada por aquela imagem.

4 - Além disso, a proibição (relativa) do uso de imagens no culto dos judeus não faz mais sentido: Deus Filho fez-se homem, e deixou para nós a imagem perfeita de Sua aparência humana no Santo Sudário; Deus Espírito Santo fez-se ver "em forma corpórea como uma pomba" (Lc 3,22). A pedagogia divina funcionou, e foi eficaz: sabemos todos que há um só Deus, e que somos chamamos a aceitar mais e mais a Sua Graça até que nós também possamos um dia, após termos deixado nosso corpo marcado pelo Pecado Original, com Ele vivermos e reinarmos, sem nunca, jamais, abandonar os nossos irmãos em Cristo.

A acusação de adoração aos Santos, feitas por muitos hereges, é uma triste consequência de um fato trágico: eles não adoram a Deus. Nós, sabemo-lo todos, veneramos os Santos. O que é venerar? É fazer aquilo que todo filho faz em relação a seu pai e sua mãe: ele pede, ele louva, ele agradece. Nós, porém, adoramos a Deus. O que é adorar? É fazer o que nós fazemos em relação a Deus e os macumbeiros fazem em relação a seus ídolos: oferecer sacrifício. Na Santa Missa o Sacrifício de Cristo é tornado novamente presente diante de todos nós. O macumbeiro mata uma galinha preta para o seu ídolo. O sacrifício de Cristo, oferecido a Deus de forma incruenta na Santa Missa, é evidentemente muito superior ao sacrifício de uma galinha preta a demônios. Ambos, porém, são sacrifícios, e oferecer sacrifícios é adorar. Por isso podemos dizer que os macumbeiros adoram seus ídolos.

Já os hereges que nos acusam de adorar os Santos, 'tadinhos, fazem esta confusão por uma razão triste: eles não adoram a Deus. Eles apenas veneram a Deus: pedem, louvam, agradecem. Nada mais que meus filhos fazem comigo ou eu faço com minha avó. Ao ver, assim, um católico prestando a devida veneração a um Santo, eles, que veneram Deus e adoram apenas seus próprios umbigos, dizem: "Olha lá! Ele 'tá adorando o santo! É idólatra!"...

Esta triste confusão, obra do demônio e do amor ào dinheiro, infelizmente arrasta muita gente para o Inferno.

Temos, como católicos, o dever de caridade de procurar ajudar a todos estes pobrs coitados caídos em heresia, para que eles abandonem suas falsas crenças, reconciliem-se com a Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo fundou e confiou a São Pedro, fora da qual não há Salvação, e assim escapem do Inferno.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Autor: Carlos Ramalhete

O que precisamos fazer para sermos salvos?

A Salvação dos homens é o objetivo da religião cristã. Querermos ser salvos, queremos escapar do Inferno, e é para isso que Nosso Senhor Jesus Cristo assumiu a nossa natureza e morreu por nós na Cruz.
Muitos, entretanto, dizendo basear sua fé na Bíblia, contradizem e negam o que a própria Bíblia diz ser necessário para a nossa salvação.
Para sermos salvos, devemos crer no Senhor (At 16,31), e isso é verdade. O que significa, porém, "crer no Senhor"? Para fazer uma comparação: você acredita no "papo" de um vendedor de automóveis usados? Certamente que não. Para comprar um carro usado, é sempre melhor levar um mecânico de confiança... Mas por outro lado, você acredita que o vendedor de carros usados que está ali falando com você existe? Certamente que sim.
No caso da Salvação (muitíssimo mais importante que um carro usado!), entretanto, há gente que acha que basta "crer" no Senhor como se "crê" na existência do vendedor de carros usados, sem porém crer em sua palavra. Vemos porém que na Sagrada Escritura, O Senhor diz aos Apóstolos que eles devem ensinar todos a observar todas as coisas que Ele mandou (Mt 28,20), não simplesmente acreditar em Sua existência. É evidente que para acreditar no que Ele diz, devemos acreditar em Sua existência, mas só acreditar em Sua existência, sem cumprir o que Ele diz, não basta. Isto é também visto de maneira bastante clara em Jo 6,47, quando o Senhor diz que quem crer n'Ele terá a Vida Eterna, e ensina então ser necessário comer de Seu Corpo e beber de Seu Sangue; os que criam em Sua existência mas não creram em Suas palavras retiraram-se de Sua presença e não mais O seguiram (Jo 6,66 - único versículo "666" do Novo Testamento...), murmurando contra Suas "duras palavras", ficando apenas seus discípulos realmente fiéis, que saibam que apenas d'Ele poderiam, como disse São Pedro, ouvir as "Palavras de Vida Eterna".
Vemos no Novo Testamento várias das coisas que Ele ensinou, e que os Apóstolos e seus sucessores continuaram ensinando. É fácil perceber que eles ensinavam todas as coisas que Cristo mandou observar, mesmo as que não estão registradas nos Evangelhos.
Em At 20,35, por exemplo, São Paulo relembra aos bispos de Éfeso palavras de Cristo, das quais ele mesmo havia mostrado ser necessário lembrar, mas que não estão registradas em nenhum dos quatro Evangelhos.
Vejamos porém apenas algumas das coisas que Cristo mandou fazer e que estão escritas na Bíblia: Perseverar até o fim. Mt 24,13; Mc 13,13. Ou seja, devemos continuar na Graça de Deus, sem perdê-la (Cf. Jd 4; Hb 12,15)
Aceitar a Cruz.(o sofrimento) Mt 10,38; Mt 16,24-25; Mc 8,34; Lc 9,23; Lc 14,27. Ou seja, devemos aceitar as cruzes de cada dia, os sofrimentos que Deus nos manda para a nossa edificação. O papel de Deus não é dar bens materiais ou conforto físico ou psicológico para as pessoas; cabe-nos seguir o exemplo de Cristo e abraçar as nossas cruzes cotidianas.
Ser batizado. Mc 16,16; Jo 3,3-5; Tt 3,5; 1Pd 3,20-21. O batismo não é simbólico, mas real fonte de graça divina.
Ser membro da verdadeira Igreja. At 2,47. Fora da Igreja que Cristo estabeleceu para nossa salvação, a única que ensina todas as coisas que Ele mandou observar, não há Salvação.
Confessar os pecados. Tg 5,16, 1Jo 1,9. E os pecados, para que sejam perdoados, devem ser confessados a quem tem o poder de perdoá-los (Jo 20,23).
Cumprir os Mandamentos. Mt 5,19-20; Mt 7;21. Não adianta dizer que Jesus é o Senhor sem fazer o que é a Sua vontade.
Ouvir a Pedro, o Papa. At 11,13-14; At 15,7. Afinal, foi a São Pedro que Nosso Senhor Jesus Cristo deu a missão de apascentar o Seu rebanho, a Igreja (Jo 21,15-17), que é a Coluna e Firmamento da Verdade (1Tim 3,16).
Comer a Carne e beber o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jo 6,51-58; 1Cor 10,16; 1Cor 11,23-29. O próprio Senhor nos deu Sua Carne e Seu Sangue como alimento para a Vida Eterna, cumprindo assim o que havia sido figurado pelo maná dos hebreus no deserto, que alimentava apenas o corpo. Sem este Alimento, que é o Corpo e Sangue de Cristo (Mt 26,26; Mc 14,22; Lc 22,19; Jo 6,35;41;51-58; 1Cor 11,25-29), não podemos ter a Vida Eterna (Jo 6,54).
Ora, qual a única Igreja que ensina todas estas coisas? Qual a única Igreja que, além de ter sido fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, ensina tudo o que Ele ensinou?
As falsas religiões, as seitas que são fundadas por homens e baseadas em leituras erradas da Bíblia, que ao ser lida por ignorantes pode levar a enganos que os fazem perder a Salvação (2Pd 3,16; At 8,31), podem ensinar um ponto mas não outro, um dos requisitos para a Salvação e outro não. A Igreja que Cristo fundou, contudo, a Única e Verdadeira Igreja de Cristo, a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, ensina tudo o que Cristo ensinou, e só n'Ela podemos ser salvos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Autor: Carlos Ramalhete

terça-feira, 14 de junho de 2011

O QUE BUSCO NO GRUPO DE ORAÇÃO?

Lendo os evangelhos, percebemos que muitas pessoas se aproximavam de Jesus por motivos bem diferentes. Uns, viam naquele homem a possibilidade real de uma revolução política, numa Judéia dominada pelo Império Romano. Outros buscavam confrontar, questionar, provar que Jesus não passava de um charlatão, blasfemo, que reivindicava para si o título de Filho de Deus. Outros, ainda, queriam matar sua curiosidade a respeito de tudo o que falavam sobre ele: Serão verdade os milagres que atribuem a ele? Será de fato um mestre? Preciso ver com meus próprios olhos.
Outro grupo de pessoas buscava suprir suas necessidades. Ao saberem dos feitos de Jesus, uma multidão queria apenas os benefícios que provinham das curas e milagres que ele realizava. Certa vez, o próprio Cristo os exortou: “Em verdade, vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna”1.

Hoje em dia não é tão diferente. Muitas vezes, confundimos o objetivo do grupo. Vejamos alguns exemplos:
Aula de Teologia ou de moral
O grupo de oração não é uma reunião de estudos. O objetivo essencial não é a formação intelectual ou doutrinal, mas sim a mudança de vida por meio de uma experiência pessoal com Jesus e da ação do Espírito Santo. Isso não quer dizer que a instrução não seja importante, mas a Igreja dispõe dos espaços apropriados para isso;
Grupo de discussão
Muitas vezes, a gente tem uma dúvida e quer discuti-la no grupo. É momento de oração. É preciso entender isso para participar bem. Há outros momentos em que se pode tirar dúvidas, debater, contestar;
Sessão de Terapia
Às vezes, as pessoas vêm ao grupo de oração porque ouviram falar das curas e milagres que ali se realizam. E aí a motivação é muito mais a curiosidade do que propriamente encontrar-se com o Senhor que realiza tudo isso. No grupo de oração, não devemos nos centrar apenas nos problemas particulares, mas abrir o coração e nos unir aos irmãos num pedido único: Vinde, Espírito Santo.
Reunião Social
Outras vezes, caímos na tentação de fazer do grupo de oração uma reunião social. Lá encontramos os amigos, conversamos, planejamos o fim de semana. A oração vira apenas um apêndice desse encontro semanal. Quando isso acontece, começamos a participar do grupo por causa das pessoas agradáveis que encontramos lá ou por causa das oportunidades sociais que a reunião pode nos proporcionar. Aí, quando vêm as decepções, a casa construída sobre a areia desaba.
“Num círculo de oração, o essencial não é nem sequer falar do Senhor, mas sim escutar e falar com o Senhor. Isso é oração. Ao Senhor, agrada-lhe que falemos dele, mas lhe agrada ainda mais que falemos com Ele e, sobretudo, que o escutemos e ponhamos em prática a sua vontade”.2
Ao ir ao seu grupo de oração, lembre sempre que, como o próprio nome diz, lá é lugar de oração, de falar e ouvir a Deus. Abra seu coração, busque uma experiência pessoal com Jesus, e tudo mais virá em acréscimo. O Senhor conhece nossas necessidades e quer, mais do que nós mesmos, que encontremos a verdadeira felicidade.
publicado em GRUPO DE ORAÇÃO CN

Seminário de Vida No Espírito Santo : Uma Vida Nova te Espera !

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Coroação de Nossa Senhora












Discernir sempre a qualidade da música usada na liturgia, alerta o Papa


Em sua carta enviada pela ocasião do 100° aniversário do Pontifício Instituto de Música Sacra, o Papa Bento XVI alentou a obter a formação adequada que permita discernir sempre a qualidade da música que se usa na liturgia. No texto dado a conhecer hoje e enviado ao Cardeal Zenon Grocholewski, Grande Chanceler do Pontifício Instituto, o Papa recorda que foi São Pio X quem fundou a Escola Superior de Música Sacra, elevada duas décadas depois a Pontifício Instituto por Pio XI.
Bento XVI destacou que para compreender claramente a identidade e a missão desse Instituto era necessário saber que São Pio X o fundou “oito anos depois de ter emanado o Motu Proprio ‘Tra le sollecitudini’ de 22 de novembro de 1903, com o qual realizou uma profunda reforma no campo da música sacra, recorrendo à grande tradição da Igreja contra o influxo exercido pela música profana, sobre tudo a ópera”.
“Para ser atuada na Igreja universal, essa intervenção magisterial necessitava de um centro de estudos e de ensino que transmitisse de forma fiel e qualificada as linhas indicadas pelo Supremo Pontífice segundo a tradição, autêntica e gloriosa, que se remonta a São Gregório Magno”.
“No lapso dos últimos cem anos –prosseguiu Bento XVI– esta instituição assimilou, elaborou e irradiou os conteúdos doutrinais e pastorais dos documentos pontifícios, também os do Concílio Vaticano II concernentes à música sacra para que iluminem e guiem a obra dos compositores, dos maestros de capela, dos liturgistas, dos músicos e de todos os formadores neste âmbito”.
O Papa ressaltou depois como desde São Pio X até hoje “tendo em conta a evolução natural, há uma continuidade substancial do Magistério sobre a música sacra” e citou Paulo VI e João Paulo II, que “à luz da constituição conciliar Sacrosanctum concilium reiteraram a finalidade da música sacra, quer dizer, ‘a glória de Deus e a santificação dos fiéis’”.
Ambos pontífices propuseram ademais “os critérios fundamentais da tradição a respeito: o sentido da oração, a dignidade e a beleza; a plena aderência aos textos e gestos litúrgicos; a participação da assembléia e, portanto, a adaptação legítima à cultura local conservando ao mesmo tempo a universalidade da linguagem”.
Outros elementos que consideraram foram também “o primado do canto gregoriano como modelo supremo de música sacra e a cuidadosa valorização das outras formas expressivas que formam parte do patrimônio histórico litúrgico da Igreja, especialmente, mas não só a polifonia; a importância da ‘schola cantorum’, em particular nas catedrais”.
“Mas temos que nos perguntar sempre: Qual é o verdadeiro sujeito da liturgia? A resposta é singela: a Igreja. Não é o indivíduo ou o grupo que celebra a liturgia, mas esta é em primeiro lugar a ação de Deus através da Igreja, que conta com sua história, sua rica tradição e sua criatividade”.
“A liturgia, e em conseqüência a música sacra, ‘vive de uma relação constante e adequada entre sana ‘traditio’ e ‘legitima progressio’, tendo sempre presente que estes dois conceitos se integram mutuamente porque a tradição é uma realidade viva e engloba portanto em si mesmo o princípio do desenvolvimento e do progresso”, assegurou.
Sendo fiel à sua missão e tendo em conta os elementos descritos, continuou o Papa, “este Pontifício Instituto seguirá oferecendo uma contribuição válida para a formação neste campo, de pastores e fiéis leigos nas Igrejas particulares, favorecendo também, um adequado discernimento da qualidade das composições musicais utilizadas nas celebrações litúrgicas”.
“Para estas importantes finalidades –concluiu– podem contar com minha constante solicitude, acompanhada da particular lembrança na oração, que confio à celeste intercessão da Beata Virgem Maria e de Santa Cecília, enquanto, auspiciando copiosos frutos das celebrações centenárias, de coração reparto a você, aos docentes e ao pessoal e a todos os alunos do Instituto, uma especial Bênção Apostólica”.

Vaticano, 31 Mai. 11 / 02:38 pm (ACI/EWTN Noticias)